Agora temos um espaço novo por aqui: o blog da Bellaluma. E, como tudo que a gente faz, ele nasce com a intenção de levar conhecimento, abrir conversas e tornar cada vez menos tabu aquilo que precisa ser falado — com coragem, cuidado e consciência.
Nas redes sociais, começamos a provocar uma reflexão sobre como os homens estão se desconectando do próprio prazer. O retorno foi imediato. Tivemos algumas trocas e vocês nos mostraram o quanto o tema, apesar de importante, é silenciado. E foi aí que sentimos: a conversa precisa continuar. Com mais tempo, mais profundidade e mais escuta.
Esse é só o primeiro passo.
Já parou pra pensar quando foi que o prazer masculino virou um peso? Uma obrigação? Uma performance?
Quantos homens cresceram escutando que "homem de verdade" tem que dar conta, gozar rápido, gozar sempre? Que precisa gostar de certas coisas. Que não pode demonstrar vulnerabilidade. Que precisa performar e ser sempre o melhor.
Essa educação silenciosa e distorcida criou uma legião de homens desconectados de si.
Homens que performam.
Homens que não sabem o que gostam — mas sabem o que “deveriam” gostar.
Homens que têm dificuldade em falar sobre sexo, sobre prazer e, principalmente, sobre suas inseguranças.
Não é só impressão: é dado. A University of British Columbia conduziu um estudo que apontou que homens que se sentem pressionados a agir de forma hipermasculina têm menos prazer sexual e níveis mais altos de ansiedade e vergonha. Isso se conecta com outro dado importante, publicado no Journal of Sex Medicine, que indica que 1 em cada 4 homens jovens relata já ter experienciado disfunção erétil — não por motivos físicos, mas emocionais e culturais. O motivo? O excesso de pressão, as inseguranças, o medo de falhar.
Enquanto isso, o consumo de pornografia continua sendo a principal fonte de "educação sexual" para grande parte dos homens. E isso não educa. Isso forma um roteiro. Um roteiro que raramente inclui carinho, comunicação, conexão real. E o resultado? Relações vazias, dificuldades de entrega, baixa autoestima. Relações em que o prazer se resume a um fim, e não a um processo.
Mas tem mais um ponto que precisa entrar nessa conversa: os vibradores.
Por que eles ainda são vistos como algo "feminino"? Por que tanto incômodo quando se fala sobre homens usando brinquedos sensoriais? Vibradores não são substitutos. Não são concorrência. São ferramentas de descoberta e ampliação do sentir — e estão aqui para todos.
Durante a pandemia, uma pesquisa no Reino Unido revelou que 41% dos homens usaram brinquedos sexuais pela primeira vez nesse período. Um dado que aponta para uma mudança de mentalidade — ainda lenta, mas possível. E talvez inevitável. Porque quanto mais falamos, mais libertamos.
No fim das contas, esse texto não é sobre vibradores. Não é sobre disfunção. Não é sobre pornografia.
É sobre olhar para dentro.
É sobre se permitir sentir.
É sobre descobrir que o prazer pode — e deve — ser seu.
Então, a gente te pergunta:
Você realmente sabe o que te dá prazer?
Você se permite sentir?
Ou só repete o que aprendeu — sem nem perceber?
Na Bellaluma, seguimos acreditando que o prazer é um caminho de liberdade, de autoconhecimento e de transformação. E que ele começa pela escuta. Pelo corpo. Pela coragem de reaprender.
Esse é só o início.
“A dor de um pode ser a dor do outro.
E o silêncio de muitos nunca pode ser maior do que a vontade de sentir.”
Que esse texto plante algo aí dentro.
E que, juntos, a gente siga abrindo espaços para sentir.
Um beijo! :)